quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Mensalão dos Tucanos

Discurso feito nesta quarta-feira, dia 19, na tribuna da Câmara dos Deputados, pelo deputado Fernando Ferro (PT-PE):

"Os jornais de ontem trouxeram uma notícia sobre o mensalão mineiro. É curioso o tratamento dado aos diversos partidos. Quando é o caso do Partido dos Trabalhadores, eles falam mensalão do PT; quando é o caso dos tucanos e do DEM, ex-PFL, chamam genericamente de mensalão mineiro. Além da imprecisão jornalística, a meu ver, é uma injustiça às Alterosas, que tem tanta gente boa, de boas lembranças — Carlos Drummond de Andrade, Juscelino Kubitschek, Pelé, Milton Nascimento — , ser lembrada pelo mensalão mineiro. A imprensa deveria ao menos dar tratamento igual. Não que eu desconheça as mazelas que parte do PT cometeu e não quero que isso seja esquecido.

Entendo que a imprensa não pode assumir a postura política de oposição ao Partido dos Trabalhadores, ao Governo. Essa situação reflete o embate político que estamos vivendo, no qual parte da imprensa assumiu a condição de partido político. Sugiro ao Sr. Arnaldo Jabor que assuma a presidência desse partido, Míriam Leitão, a Secretaria Geral, Diogo Mainardi, a Tesouraria. Esse povo constituiria um bom partido político. Alguns viriam a este plenário debater, até porque poderiam fazer um confronto mais eficiente com o PT.

Sr. Presidente, pesquisa realizada recentemente mostra que o PT tem a imagem mais positiva de todos os partidos: 43,9% consideram-no o mais adequado para os trabalhadores. O índice que define os trabalhadores chega a 63%; no que se refere à defesa do interesse dos mais pobres, o índice é de 57%.

O PT tem referência, respeito, depois de todo o bombardeio de
críticas.

Sabemos evidentemente que muitas dessas críticas foram justas, porque houve mazelas, corrupção, envolvendo gente do nosso partido.Isso mostra que o PT tem um saldo muito mais positivo e que é muito maior do que as traquinagens, as delinqüências que alguns fizeram. O partido sobrevive e mostra claramente que é uma referência política muito maior do que alguns pensam.

Essa tática de bater no Presidente Lula e no PT pode não ser eficiente, até porque a formação política chamada Partido dos Trabalhadores tem raízes na sociedade brasileira, tem base social e tem respeito pela população — que é inclusive beneficiada pelo programa Bolsa Família e tem uma identificação com o partido — segmento social com o qual tínhamos pouco diálogo, que está incorporando gradativamente nosso projeto político.

Reconhecemos que isso faz parte da disputa política, mas apelo a essa parte da mídia para que deixe de dar tratamento desigual. Se ela fala do mensalão que envolveu o PT, por que não fala do mensalão tucano do Sr. Eduardo Azeredo, do Sr. Aécio Neves e de outros políticos que são, de repente, esquecidos do jogo? Esse não é um bom jornalismo. Tem de tratar todos de forma igual, na crítica e no elogio.''

sábado, 1 de setembro de 2007

Dulci critica tratamento dado a petistas em julgamento do STF

Depois de muito tempo inativo, este blogue volta a trazer alguma novidade. E volta porque, de tudo quanto li ou ouvi até agora sobre o assunto apelidado "mensalão", até que enfim encontrei uma manifestação de uma grande liderança do PT que se expressou com a maior lucidez e propriedade a respeito. Refiro-me a Luiz Dulci, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, que se pronunciou em entrevista na sexta-feira, 31. A nota é do portal do PT:

O ministro Luiz Dulci, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, criticou nesta sexta-feira (31) o tratamento dado a petistas no julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República sobre o esquema de compra de votos em troca de apoio político, chamado mensalão. Segundo ele, são pessoas que "deram a vida em defesa dos direitos da população mais pobre do país" e agora estão sendo "execradas".

Em entrevista a emissoras de rádio parceiras da Radiobrás, o ministro foi questionado se espera que o caso do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) tenha o mesmo fim da denúncia votada nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Luiz Dulci disse que, mesmo sendo adversário político, não deseja que Azeredo tenha o mesmo tratamento dado a "companheiros do PT".

"Não queremos tratar a oposição como alguns setores da oposição trataram companheiros do PT. O senador Azeredo não pode ser execrado e, eu insisto, ele é adversário meu, eleitoralmente eu espero que ele seja derrotado em todas as eleições das quais participar. Mas não basta uma acusação contra um adversário para que eu considere que ele é um homem indigno", afirmou.

"Espero que o senador Azeredo seja tratado por todos de uma maneira diferente daquela que alguns trataram lideranças, por exemplo, como José Genoíno, como José Dirceu, como Luiz Gushiken, pessoas que se dedicaram durante décadas a lutar em defesa do povo brasileiro, algumas delas foram presas, torturadas, ficaram com seqüelas, porque deram a sua vida em defesa dos direitos da população mais pobre do Brasil. E, às vezes, num julgamento preliminar que tem a sua importância, mas não é o julgamento definitivo, são execradas", completou Dulci.

O ministro ressaltou que todas as pessoas têm o direito de ser tratadas como inocentes antes do julgamento. "Eu espero que acabe prevalecendo o direito dessas pessoas, como devem prevalecer os direitos do senador Azeredo e de qualquer oposicionista. Eu aprendi com a minha mãe, falecida mãe, que na democracia a gente deve respeitar antes de mais nada a liberdade de quem discorda de nós".

Em entrevista à Agência Brasil, Luiz Dulci disse ainda esperar que Azeredo prove sua inocência. "Eu torço para que fique evidente que ele é inocente. Eu não torço para que as pessoas sejam culpadas, não. Eu torço para que todas as pessoas, sobretudo as de oposição, possam provar sua inocência", afirmou.

O senador Eduardo Azeredo não está entre os 40 acusados pela Procuradoria-Geral da República, mas a denúncia cita como “embrião” do esquema as irregularidades de financiamento da campanha de Azeredo à reeleição no governo de Minas Gerais em 1998.Na entrevista a emissoras de rádio, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República falou ainda sobre o seu amor ao PT. "Eu tenho mais do que respeito, eu tenho amor ao PT, partido que ajudei a fundar, modestamente, e no qual pretendo morrer, porque ele deu uma contribuição extraordinária à democracia e à justiça social no Brasil", afirmou.

Na última quarta-feira (29), Dulci disse que o acolhimento da denúncia pelo STF nada tem a ver com o governo.

Agencia Brasil