quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Pra começar



Tomando carona na onda dos blogs, aqui vai o meu.

Não crieis grandes expectativas, porém, amados leitores. Talvez não encontreis novidade significativa por estas bandas, previno-vos. Pretendo comentar fatos políticos e jurídicos, enxertar alguma poesia, crônica, literatices, essas coisas. Perdoai-me, enfim, pela falta de originalidade.

Para começar, quero destacar duas grandes ironias que marcaram o recente assassinato do Coronel Ubiratan, deputado estadual que conheci pessoalmente pelos corredores da Assembléia, poucos dias antes de sua morte.

Impossível não lembrar, não mencionar sua participação no trágico episódio da invasão do Carandiru, quando 111 presos foram mortos por policiais sob seu comando.

Primeira ironia: ele, que foi responsabilizado pela morte dos 111 "machões" (na verdade, presos indefesos que já estavam dominados, mas o imaginário popular certamente não conseguirá desassociá-los da idéia de portentosos varões), acabou assassinado pelas delicadas (!?) mãos de uma mulher. Eis mais uma vez o velho e perigoso "fogo amigo", para usar uma expressão própria da política. Isso, claro, tomando por base as suposições de que tenha sido mesmo a namorada a autora do único disparo que o vitimou. Concedamo-la, por óbvio, o benefício da dúvida, em respeito ao constitucional princípio da presunção de inocência, que anda meio esquecido, especialmente quando se trata de emitir juízos sobre comportamento de companheiros petistas e outros políticos.

Segunda - e mais grave - ironia: Ubiratan foi um dos mais ardorosos defensores do voto contra o desarmamento, por ocasião do referendo, de triste memória. Participou de debates na TV, em universidades, sempre ao lado de gente como Fleury, Conte Lopes, Erasmo Dias... Como eles, vociferou aos quatro ventos que arma em casa serve para defesa pessoal. Pois é. Logo ele, experimentado policial, usuário de arma de fogo por dever de ofício, quem diria... morto por sua própria arma de uso doméstico!

Enfim, que Deus o tenha em bom lugar, ao lado das 111 almas produzidas sob sua batuta. Que decerto o aguardaram ansiosamente e o recepcionaram de forma assaz calorosa lá na margem oposta do rio...

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